sexta-feira, 8 de junho de 2007



Muita gente, acho eu, nunca entendeu o deserto. O deserto não é feito de morte mas de vida a ferver. O crânio do cavalo que morreu abriga lagartos e aconchega-os. O cacto impõem-se húmido por dentro ao sol resplandecente. As pegadas, mesmo as que sobram de pés sem trapos, cedo se extinguem. O mato rasteiro, o arbusto seco que rola são graçolas dum exagero de vida. Estão mais vivos que a morte.