segunda-feira, 30 de julho de 2007

sábado, 28 de julho de 2007

sexta-feira, 27 de julho de 2007

Garrida virtude


O longo beijo da preguiça
a alvorada na casa do texugo
e a fuligem do resto,
fazem de todos os tontos
reis de outros tolos.
E de ti o meu amor.
E de ti o meu amor.
Que não pára
nem para sonhar
ancorado nesta parte de tudo.
Nesta parte de tudo
no teu verde prado
no solar de carne
que rodeia a tua alma
do vermelho que jorra
da carne pintada da boca
dos lábios de rosa.
De lírio do sol
a tua alma por mim roga
á luz duma Virgem que olha
pela mantilha que usas
para rezar neste fresco abrigo de pedra
em casa de Guadalupe.


quinta-feira, 26 de julho de 2007

Vitualhas




Canção dos Qidan




No Verão leite branco


No Inverno escura carne.


Movem-se das flechas, à frente: caça.


Porco-bravo, cervo, ricas presas!


Poema Mongol



quinta-feira, 19 de julho de 2007

Chá de menta



Tem tudo a ver com a água. Água fervida onde se afoga as ervas. Depois um bocado de mel para acirrar a carcassa dos sabores.Vai-se bebendo em respeitosos sorvos para respeitar o calor da água na língua. Convém fazer tudo devagar, não para se chegar ao longe, mas porque é mais aprazível. É muito melhor enlouquecer depois do chá.Nunca endoideça antes duma boa infusão.

quarta-feira, 18 de julho de 2007

Mukuge


michinobe no

mukuge wa uma ni

kuware keri
Basho


quinta-feira, 12 de julho de 2007

Os últimos gnomos


Outrora vagueavam pelas florestas. Hoje, quase extintos, só os vemos escondidos entre o cimento. Estimem os gnomos. Eles são nossos amigos.


quarta-feira, 11 de julho de 2007

Pessegada





Uma pobre metáfora para ilustrar o processo de insanidade. Um homem caminha por entre duas paredes altas como o céu. No fim do corredor brota escassa fonte de luz. Isto é merda, paleio de sonho. Ser doido é um trabalho a tempo inteiro. Começa de manhã mal se acorda e a torneira se transforma em copo na mão. Estas alturas onde a água, a torneira e o copo são um todo. Estas pequenas coisas, como o cheiro das pessoas na rua, misturado com gasolina, flores e merda de cão, sempre tudo junto em doses precisas de uniformidade como uma barreira. E depois às vezes a rádio liga-se ao barulho de fora como uma torrente despejada pela tromba sónica de uma orquestra. Tenho um pressentimento que as coisas não são as coisas que eu vejo, mas outras. Cheira-me que na verdade nunca vi nada. E depois as vozes; costumava ser só uma como no coro isabelino, mas regredi no tempo e agora tenho um coro grego só para a minha fodida mioleira. E depois no supermercado há tantos pêssegos todos iguais nas caixinhas, como as caixas que se sentam na caixa. Todas vestidas de igual como os pêssegos. Tudo se encaixa. Tudo é falso. Mas hoje comprei uma caixa de pêssegos e vou pedir à minha mulher que mos cobre como uma caixa cobra. E fará de caixa para mim. Quanto aos pêssegos faz-se mousse. Funcionam como pré-texto.




Psi - A. T., porque insiste em dar pêssegos á sua mulher no pré-texto? Parece-me que está a assumir uma posição de pagador, vê as mulheres como algo que se compra?


Alien Taco - A doutora está delicadamente a perguntar-me se eu vejo as mulheres como putas?


Psi - Sim, postas as coisas assim...


Alien Taco - Não as vejo (ás mulheres) como coisa nenhuma, vejo uma de cada vez como um ginecologista e, neste caso, considerei a minha oferta como um complemento de ternura. Se tivesse mais dinheiro, dava-lhe duas caixas.


Psi - Você refere claramente a importância de ela lhe cobrar os pêssegos?


Alien Taco - Faz parte da fantasia, doutora. Estamos nus e sozinhos no supermercado e eu compro-lhe os pêssegos; é parecida com a do Pai Adão só que eu prefiro nectarinas a maçãs.


Psi - No supermercado tudo é igual, a torneira e o copo formam um todo, fala em barreira torrente. Sente-se afastado ou isolado?


Alien Taco - Não, o mundo é um sítio isolado, eu por acaso vivo cá.


Psi- Nas primeiras vezes falou de uma voz ténue, agora fala-me de um coro. Ouve mais vozes agora?


Alien Taco - Oh, sim e cantam bem. Soam como caixas registadoras de fundo lírico. De facto, eu gosto das minhas vozes; sem elas eu seria como você. Um ser racional que ganha a vida como bruxinha de Freud.


Psi - Noto desde o início uma certa má vontade da sua parte, estou aqui para o ajudar.


Alien Taco - Eu acho que você não me pode ajudar.


Psi - Mas...Então porque continua a vir às sessões?


Alien Taco - Não sei, devo ser doido.


domingo, 8 de julho de 2007

Da Terra á Lua



Se continuarmos a destruir a Terra não tardará muito teremos que nos mudar para a Lua.Faço desde já um apelo aos nossos futuros anfitriões selenitas:mantenham a Lua limpa, fartos de merda estamos nós.

quinta-feira, 5 de julho de 2007

terça-feira, 3 de julho de 2007

BeatGurus (série I)

Betty Boop

D. Manuel Martins


Tonicha

Predador


Emily Dickinson




Pocahontas



Bocage