domingo, 4 de novembro de 2007

Material do Magalhães




Boetelho, o Bola de Pintelho
Poema dramático por Hermengardo D´Antas


Boetelho pinta uma cara de moçoila
Com restos de corpete, boquilhas e frascos de xarope
Embebido de Borgonha encosta-se á ideia de sugar das coisas
A cara congestionada de bons ares
Ah lavradora fumadora apertada
Uma xaropada é o que é
É tudo mentira
Porque a dobra dum corpete faz um olhar estrábico
Do frasco de xarope sai um broche
E uma das boquilhas muda-se para clister
É mais um artista que gosta de fita.
Mais um poltrão destinado a ficar na fila do purgatório
Indeciso
Coxo das mãos e senhorio dos olhos
Perdido, clama que o deixem pintar até ao fim
Nesse instante miríades de pintelhos avançam pelo desterro
Gritando Boetelho !Boetelho!
Viemos por ti!
Num instante transformam-no numa bola de pelo mal cheirosa.(Misto de pito e colhão)
E agora gritou Boetelho ?
E agora?
Como vou eu aparecer, assim peludo, á Senhora de Vila Meã?


Cai o pano.

Nota de Alien Taco – Hermengardo D´Antas vive há já largos anos no Magalhães Lemos onde convive diariamente com três coronéis Kurtz um Napoleão clássico e uma data de sinaleiros. As suas grandes influencias são Arcimboldo, filmes de Kung-fu, Bocage e a obra completa de Swedenborg. Recebi este poema das mãos trémulas de Hermengardo enquanto me sussurrava que eu era bom rapaz. Quando me mimam não sei recusar e o velho D´Antas pediu-me para postar este conjunto de palavras e assim o fiz. A opção do poster ilustrativo foi minha. Hermengardo D`Antas entregou-me o poema escrito na parte de baixo duma caixa de bolo de aniversário.